aonde a boiada passou..."
Quando ouvi estes versos pela primeira vez, me fiz uma pergunta: como não fui eu que fiz?
Quase dá para sentir o cheiro da relva fresca, da terra encharcada, do pelo molhado do gado.
O céu escuro prometendo muito mais chuva e um frescor úmido no ar. Animais alvoraçados. De vez em quando um berro tristonho de um bezerro apartado da mãe.
Alguém joga milho no terreiro entoando "pururutiti, pururutitiiiiiii" e como por mágica, as galinhas se aproximam.
Laranjeiras em flor soltam um aroma adocicado no ar, mas estas flores são das abelhas. Uma majestade delas. Nem se aproxime.
A boiada é tocada para longe do curral. Em um passo lento, porque gado nunca tem pressa, todo o rebanho vai seguindo em direção à serra, incentivados por uma criança.
E "o barro ficou marcado
aonde a boiada passou..."
A chuva que cai novamente enche de água os sulcos deixados pelas pegadas do gado e as crianças chamam isso de "angu com leite". É Inexplicável para um adulto. Nem tente entender. Mas para uma criança, faz todo sentido...
Algumas pessoas acreditam que tudo o que pensamos já foi pensado antes. Todos os pensamentos estão aí, no mundo das ideias, e serão captados de alguma forma por alguém devidamente preparado para recebê-los. Pois estes versos já tinham dono.
Ai de mim.
NA
Os versos citados no topo são de Tom Jobim/Luiz Bonfá)
Os versos citados no topo são de Tom Jobim/Luiz Bonfá)
Nenhum comentário:
Postar um comentário