segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Breve Ensaio Sobre as Lágrimas

Lágrimas não deveriam ser estancadas. Elas não deveriam obedecer regras, regulamentos e coisas afins. Deveriam ser livres para sair do não manifesto para o manifesto quando bem sentir vontade...

Sim, lágrimas deveriam ter seus direitos codificados, respeitados e preservados. Elas são modestas, não reivindicam quase nada, apenas o direito de saírem livremente pela porta, quando chega uma necessidade premente de se libertar.

Lágrimas não deveriam ter que obedecer a um chefe tirano que lhes impõem normas, lhes barram a caminhada e exige passaporte e visto para sua viagem.

Lágrimas não deveriam aterrorizar os orgulhosos senhores que as mantêm prisioneiras sem poder se expressar, contar sua história, seus momentos de dor ou de felicidade intoxicante. É, esses últimos existem por mais paradoxal que possa parecer!

Os olhos, que tão bem as conhecem, sabem que há lágrimas e lágrimas.
Amargas, como as de Petra Von Kant, doces, emotivas,  doloridas, piedosas...tantas mais!

Umas são serenas, lançam um pequeno marejar e voltam humildes para o fundo da alma.

Outras são teimosas, rompem a barreira à força, te faz refém e só param quando esgotam todo o arsenal.

E há aquelas mais perigosas que são vingativas. Refreadas em sua trajetória normal, se recolhem inconformadas, passam por uma metamorfose e se instalam em outras partes do ser, levando a dor da alma para o corpo e vice-versa.

Sejam de que tipo forem, no final elas sempre vencem.

.                                                Mulher Chorando - Picasso


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